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Colégio Americano recebeu sobreviventes do Holocausto

por Centro Universitário Metodista IPA — última modificação 18/05/2016 16h20
O evento aconteceu nesta quinta, 10/11, no Auditório Elizabeth Lee

O Colégio Metodista Americano recebeu nesta quinta-feira (10/11) quatro sobreviventes do holocausto. Os alunos da oitava série ao terceiro ano tiveram a oportunidade única de conhecer quem viveu um periodo tão marcante da história e ir além do que se ensina na escola. A professora Ieda Gutfriend, doutora em história, foi a coordenadora da mesa.

A palestra começou com Max Schanzer, que nasceu na Polonia em 1928. Quando a 2º Guerra Mundial começou, ele tinha apenas 11 anos. Ele contou das doenças, da fome e da separação da familia que morreu no campo de concentração em que Max era prisioneiro. “Não sei como sobrevivi a tanto frio. Muitos morreram pelas péssimas condições. Nesse momento eu não tinha mais nome, eu era o número 25.861”, disse. Max foi libertado pelo exército russo em 8 de maio de 1945.

Johannes Mellis foi o segundo a falar. “No início eu não entendia porque tinha que contar a minha história. Na primeira vez (que contei), lá pela metade comecei a me emocionar, a reviver. Então eu entendi o porquê”. Johannes nasceu em 1938 na Holanda. Quando a guerra começou, tinha apenas 2 anos. Seu pai abrigou duas famílias de judeus em sua casa, além de salvar paraquedistas aliados. “Quem não servia para eles deveria ser morto. Meu pai não aceitava esse tipo de coisa”, disse. Logo depois que a guerra acabou, Johannes tinha pesadelos todos os dias. “Aos poucos fui esquecendo. O ser humano supera tudo”, falou.

Curtis Stanton é o mais velho do grupo. Nascido em Hamburgo, tinha 12 anos quando a 2ª Guerra começou. “No início eu não senti nada. Começou quando eu tinha uns 7 anos na escola, que os colegas começaram a me chamar de judeu sujo etc etc. Comecei a brigar e fui expulso do colégio”, revelou. Em 1941 Curtis e sua familia receberam uma carta da Gestapo informando que deviam se apresentar na estação rodoviária em 48 horas. Eles foram no local marcado, onde os nazistas os colocaram em galpões de gado com outras 70 pessoas. Quando chegaram ao campo de concentração, muitos estavam mortos por causa do frio. Sua mãe foi morta na câmara de gás. “Tive a sorte, vamos dizer assim, de trabalhar separando a roupa de quem foi para a câmara de gás. Isso me deu uma vantagem, no inverno tinha mais roupas. Não morri de frio”, disse. Conseguiu fugir do campo e encontrar o irmão. Passou um ano na França, morou na Inglaterra e veio trabalhar no Brasil.

O último a contar sua história foi Bernard Katz, nascido em 1940. “No dia que a Guerra estourou minha irmã estava de aniversário. As pessoas começaram a chegar na minha casa para pedir conselho do meu pai. Minha irmã ficou feliz, achou que todos estavam lá pra dar parabéns para ela”. Seus parentes eram judeus holandeses e acabaram se separando com a guerra. Bernard acabou abrigado por outra família. Foi obrigado a mudar de nome, sobrenome, cidade natal, de identidade. Reescreveram sua história para o caso de ele ser entrevistado pelos nazistas. “Eu via da minha casa pilotos saltando do avião. Um deles foi recebido a tiros. Até hoje, quando fecho os meus olhos vejo aquele corpo pela metade pendurado no paraquedas”, falou. Quando a guerra estava quase acabando, toda a vizinhança fugiu. Passaram uns dias no bosque e outros escondidos num estábulo. Voltaram e perceberam que os nazistas haviam feito uma festa ali, havia galinhas sem cabeças, porcos mortos e sangue nas paredes. “Depois da guerra, com todo esse trauma, minha mãe apareceu. Fui morar com ela, mas as coisas nunca mais foram as mesmas. Até hoje, quando anoitece, fecho as janelas, persianas, tudo, para ninguém conseguir olhar para dentro da casa.” Bernard Katz ainda mantém contato com a família que o acolheu.

A palestra foi realmente marcante, tanto para os(as) alunos(as) quanto para os(as) professores(as). O evento foi organizado pelo Colégio Metodista Americano com a B’nai B’rith de Porto Alegre. A B’nai B’rith (filhos da aliança) foi criada em 1843 em Nova York. Tem 166 anos de atuação ininterrupta e atua em mais de 50 países. Empenhada contra a discriminação, tem contribuído para a criação, aperfeiçoamento e aplicação das leis que combatem o racismo, promovendo uma cultura de paz e apoiando políticas públicas que tornam a sociedade mais humana. Os pilares da B’nai B’rith são Beneficência, Fraternidade e Harmonia.

Assessoria de Imprensa
Colaboração: Vanessa Schramm Schenkel da Silva