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GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA

por Kesia Ventura última modificação 28/07/2016 10h34

GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA EM SAÚDE MENTAL COLETIVA E HUMANIDADES EM SAÚDE DO CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA - IPA


O Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário Metodista - IPA busca, através de seu Projeto Pedagógico, ativar mudanças no perfil do profissional a ser formado, adequando seu currículo e suas práticas pedagógicas para que estejam embasados pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS. Busca-se, assim, um envolvimento crescente de docentes nas reflexões, lutas e propostas de mudanças na formação dos futuros profissionais enfermeiros, com a melhoria da qualidade do ensino e da prestação de serviços de saúde à população.

O currículo de Enfermagem deve proporcionar uma educação que possibilite à pessoa pensar, agir, saber, desejar buscar conhecimento, buscar e duvidar da verdade e apreciar os valores da profissão.

Segundo a Ementa da Disciplina de Saúde Mental, do curso de Bacharelado de Enfermagem , é objetivo estudar os elementos que envolvam a organização da atenção e a reorientação dos modelos assistenciais em saúde mental. Abordar também, as diferentes concepções da loucura e a sua historicidade e analisar a Reforma Psiquiátrica e as políticas públicas de saúde mental. Insere o acadêmico em espaços de atenção em saúde mental, a partir de vivências nos serviços, na perspectiva de compreensão da rede e da problematização das práticas de cuidado em saúde mental

Partindo destes conceitos da Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde mental pauta-se na capacidade que o homem tem de estabelecer relações harmoniosas com os demais e a contribuição construtiva nas modificações do ambiente físico e social. Entretanto, a saúde mental, assim como seu próprio conceito, passou por diversas transformações ao longo dos anos graças a novas formas de se pensar e agir em saúde e psiquiatria. A reforma psiquiátrica, amplo movimento ideológico, sem dúvida nenhuma, contribuiu com a maior guinada neste processo de mudanças.

O movimento da reforma psiquiátrica impulsionado, em grande parte, por trabalhadores, não somente saúde mental, como também da saúde coletiva, alia discussões pautadas na reorientação dos serviços, priorizando dispositivos de base comunitária em detrimento a segregação típica das instituições totais e/ou asilares. Esta interação sócio-afetiva  provoca (e convoca) a comunidade local a ser protagonista (juntamente com os profissionais da saúde) deste cuidado.

A Lei Federal 10.216, de 2011, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, teve como base o redirecionamento da assistência em saúde mental, privilegiando oferecimento do tratamento em serviços de base comunitária, com direitos e proteção a pessoas com transtorno mental (AMARANTE,1995). Vários são os instrumentos que podem ser utilizados entendendo que as experiências e projetos de vida poderão ajudar na assistência aos usuários da saúde mental.

O processo de redução de leitos em hospitais psiquiátricos e de desistitucionalização tornou-se política pública no Brasil a partir dos anos 90, fundamentalmente marcado pela abertura de leitos em hospitais gerais. O Movimento de luta antimanicomial, ganhava força em todo o país, sob o lema “Por uma sociedade sem manicômios”, compactuando novas formas de atuação nas formas de assistência ao usuário de saúde mental (AMARANTE, 2001).

A expressão Saúde Mental Coletiva surge justamente da intercessão entre saúde, educação e movimento social, objetivando um cuidado não só visando o sujeito, bem como com a vida. Trata-se de um processo construtor de sujeitos sociais, desencadeador de transformações nos modos de pensar, sentir e fazer política, ciência e gestão no cotidiano das estruturas de mediação da sociedade, extinguindo as segregações e substituindo certas práticas por outras capazes de contribuir para a criação de projetos de vida (FAGUNDES, 1992).

Assim, este modelo proposto capaz de contemplar protagonismo dos sujeitos, processo de saúde/doença e ainda educação integral em saúde vem contribuindo com a expansão da temática para além dos tradicionais serviços ditos de saúde mental. Somente abordando e/ou difundindo variados conceitos como os novos paradigmas da psiquiatria nas redes de atenção à saúde (primária, secundária e terciária) possibilitamos um olhar efetivamente integral ao sujeito.

A Saúde Mental Coletiva, a partir de sua amplitude, problematiza gestão, atenção, formação de profissionais e o controle social, no sentido de dar novo sentido as práticas instituídas no campo da saúde mental (CECCIM; FEUERWERKER, 2004). Com isso, ganha força a qualificação de profissionais, através de processo de formação que possibilite o entendimento dos conceitos, princípios e diretrizes que norteiam o Sistema Único de Saúde (BRASIL, 1990).

Desta forma, são necessárias mudanças culturais na sociedade, além de  uma articulada pactuação entre as esferas de governo (municipal, estadual e federal), dos movimentos sociais e das Instituições acadêmicas de ensino. Somente desta forma, o processo de desconstrução de práticas manicomiais e construção de novos saberes são proposições que podem se materializar diariamente dos serviços de saúde mental, rompendo os “manicômios internos” (KANTORSKI, 2004).

Assim, a produção gerada em um Grupo de Estudos e Pesquisa em saúde mental potencializa estas mudanças, constituindo-se em uma ferramenta a ser utilizada na operacionalização de novas estratégias de construção de saber.  

 Objetivos:

-  Promover um espaço interdisciplinar para a discussão e reflexão da temática da Saúde Mental Coletiva, sob a perspectiva da Reforma Psiquiátrica Brasileira.

- Constituir um espaço de reflexão contínua sobre os desafios da Saúde Mental Coletiva como estratégia de consolidação do SUS;

- Estudar e refletir sobre textos de autores diversos na perspectiva da Saúde Mental, discutindo sua produção científica e correlação teoria-prática assistencial;

- Desenvolver trabalhos na área de pesquisa científica, ensino e assistência, bem como divulgações de Eventos Científicos implicados à área;

- Instrumentalizar alunos de graduação e outros profissionais para uma atitude crítica investigativa para a construção de reflexões teóricas com aplicabilidade prática, e de relevância social.

- Atuar como espaço ético, reflexivo e político de estudo, discussão e atuação no campo da saúde mental coletiva, produzindo subjetividades que implicarão com processos de mudanças em saúde, principalmente no que se refere à formação acadêmica, em consonância aos princípios e diretrizes do SUS e da Reforma Psiquiátrica Brasileira.